sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Para voltar a escrever...

"Jasmim olhava de longe aquela garota que dançava solta, levemente.

Parecia até aquela música do Capital Inicial “o mundo vai acabar e ela só quer dançar…”, só que o nome dela não era Natasha, não tinha tatuagem no pescoço, o cabelo não era verde. Mas o corpo era perfeitamente feito pro pecado, e que pecado. Jasmim não conseguia tirar os olhos daquela menina de cabelos longos, da cor de fogo. Os olhos tão verdes quanto esmeralda fechavam enquanto o ritmo tomava conta do seu corpo.
Não a conhecia, nunca havia visto ela por ali antes, mas sabia que ou ela era um sonho ou a mulher perfeita realmente existia. Sentia vontade de chegar, lhe puxar pela mão e levá-la para bem longe dali. Só que continuava bem de longe, observando, desejando-a, imaginando coisas perversas e deliciosas.
A música parou, começou a tocar algo mais calmo. A ruiva parou de dançar e começou a caminhar. Chegou ao lado de Jasmim e então falou ao seu ouvido:
-Vamos dar uma volta?
A garota nem pensou, puxou a perfeição pela mão e a levou para fora. Na rua o céu estava estrelado e as duas logo sentaram em um meio fio. Sem nem perguntar o nome de sua deusa, lascou-lhe um beijo. Quando os dois lábios se soltaram…
- Me desculpe, nem me apresentei. Sou Jasmim.
- Eu não esperava nada diferente… Prazer ,sou Camila.
Em um meio fio, embaixo de um lindo céu estrelado as duas passaram a noite entre conversa e beijos. Era o primeiro momento das duas, quando se conheceram, quando começaram a se interessar uma pela outra. O início de uma história que parecia que não iria terminar…
Atualmente, depois de 2 anos, as duas mal se falavam em casa. Camila vivia ocupada com a residência e com os seus programas de pesquisa. Já Jasmim tentava ainda lançar um de seus romances. E não era o tempo que as separava e talvez nem fosse a falta de conversa.
Jasmim estava sozinha, em um meio-fio, olhando as estrelas e se lembrando daquele primeiro dia. Ela já sabia naquela época que havia encontrado a mulher de sua vida. E, naquele momento, se perguntava como poderia reconquistá-la, mas as coisas não pareciam tão fáceis assim. Ainda mais depois de ver sua perfeição andando pelo outro lado da calçada, com um copo de café em uma mão e a outra dada a uma qualquer.
Ela não pensou em mais nada, voltou para casa e terminou, enfim, de escrever o seu romance. Mandou para algumas editoras, escreveu uma carta e saiu. Durante a noite foi a um bar qualquer, bebeu todas que podia, fumou tudo o que não fumou nos últimos dois anos. Dançou com várias, escolheu umas duas em meio a diversas, foi parar em um quarto qualquer.
No outro dia, com o rímel até a bochecha, com a cabeça estourando e a ressaca moral a lembrando dos últimos acontecimentos, foi até um posto. Comprou mais um maço de cigarro e alguma bebida bem forte. Andando para casa, esqueceu de olhar para rua. E, quando reabriu os olhos, a última coisa que viu, foi aqueles olhos da cor de esmeralda cheios de lágrimas. A última frase que entrou por seus ouvidos foi: “Me perdoa”.
Então, Jasmim foi jogada no mar e em um jardim lindo que amava na cidade, no recando onde sua lápide lembrava as pessoas que um dia ela existiu, apenas uma rosa branca, como quem pede um pouco de paz." 

Por Betta Rodrigues.. 
Inspiração para voltar a escrever.. 

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